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*sim, o post é gigante. Justo, né?

Estava eu aqui, na semana passada, soltando os cachorros de lamentos com o tênis nacional. O Marcos Daniel se aposentou, a dupla estava mal, o Bellucci tinha perdido para o Cuevas, um jogador limitado e um dos nossos adversários na Copa Davis, etc. Então, veio Madri e mudou TUDO.

Bem antes de Madri

A primeira coisa que eu queria dizer é que não, eu não retiro nenhuma crítica, piada ou brincadeira que fiz com o Thomaz durante todo esse tempo. Porque isso nunca fez com que eu torcesse contra ele. Sempre disse, eu “alopro” justamente os meus favoritos (né, Andy?), porque eu quero que eles mostrem o que me fez gostar deles, não derrotas para adversários inferiores.

No final de 2009, eu saí aqui da ZL para ir aos Jardins ver o Bellucci ganhar um challenger em cima do (agora aposentado) Nicolas Lapentti, porque tudo indicava que ele seria a nossa maior chance de ter um jogador firme no top 30 (não ganhar Grand Slam ou ser top 5, ele não será o Guga, sorry Folha).

O segundo semestre de 2009 e o primeiro de 2010 cumpriram as minhas expectativas, com os títulos em Gstaad e Santiago, além da permanência no top 30 e a excelente oitavas de final em Roland Garros. Tudo ia bem até aquele MALDITO ATP 500 de Hamburgo, no qual a chave estava aberta e ele foi eliminado nas quartas para o Andreas Seppi (um dos 1000 pangarés inferiores para quem ele perdeu por desequilíbrio mental).

Daí para frente, veio uma temporada péssima nos EUA, terminando na sofrida derrota no US Open para o Kevin Anderson (que até se tornou um tenista decente agora) no tiebreak (ah, os tiebreaks) do quinto set.

Em seguida, o desastre da Copa Davis, na qual ele venceu um jogo em 10/8 no quinto set contra o duplista Bopanna (479º do mundo na época) e abandonou contra o Devvarman (113º então). Para fechar com chave de latão, derrotas para o ex-tenista em atividade James Blake (135º) e Marcos Daniel (152º) num challenger em São Paulo.

Todas essas derrotas tiveram algo em comum, além de terem sido para jogadores piores que o Bellucci: vieram com viajadas, tiebreak horrorosos, surtos, cabeça baixa, vantagens desperdiçadas, enfim, todos os componentes que, infelizmente, voltamos a ver no começo desse ano.

Pouco antes de Madri

Com Larri Passos, pudemos perceber desde janeiro que Bellucci evoluiu muito tecnicamente. As curtinhas, os slices e os voleios começaram a ser melhores, ajudando os sempre excelentes saque e forehand. O backhand, apesar de ter aparecido algumas vezes em Madri, deixou a desejar contra Djokovic. (Calma, Sheila, ainda não chegamos em Madri). Porém, no mental, Bellucci pouco havia evoluído.

Dos dez torneios que Bellucci fez antes de Madri, em apenas três ele perdeu para um jogador com ranking melhor que o dele. O problema de não conseguir definir diante que adversários fracos permaneceu, até que Madri aconteceu.

Em Madri

Ninguém viu a estreia contra Pablo Andujar, já que foi na quadra 6, mas quando soube do placar, um tranquilo 6/4 e 6/2, fiquei surpresa. Sem tiebreaks perdidos? Sem um 5/2 que virou 7/5? Não. Contra Florian Mayer, um tenista tão promissor quanto o Bellucci, houve o tiebreak perdido, mas Bellucci ganhou bem o segundo set e viu Mayer abandonar no terceiro.

And there was Murray. O britânico sempre é uma caixinha de surpresas (e o que é aquele cabelo, MEU DEUS), mas é o Murray: um cara que foi a três finais de Grand Slam e já venceu Federer e Nadal mais de uma vez com o pé nas costas. Puro talento aliado a um excelente físico e uma mente um pouco (ok, muito) desequilibrada também.

E o Bellucci comeu o Murray com farinha e batata palha. Aproveitando o estilo (infelizmente) defensivo do britânico, o brasileiro foi agressivo e praticamente não cometeu erros. Foi simplesmente perfeito. Porém, o jogo que mais me impressionou foi contra o Berdych.

Por ter um estilo parecido com o do Bellucci, ou seja, marreteiro, Berdych impôs um ritmo no começo da partida que o brasileiro estava com certa dificuldade de acompanhar. No entanto, firme no seu serviço, Bellucci foi buscar no tiebreak (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) o set e inverteu tudo no segundo, deixando o Berdych acuado, sem errar e variando como nunca vi o brasileiro fazer antes. Para mim, esse foi O JOGO.

And there was Nole. Thomaz deve estar ainda muito frustrado por saber que teve o jogo nas mãos contra o número 2 do mundo. Mesmo perdendo, ele fez mais winners que o Djokovic e teve um aproveitamento quase perfeito na rede. Isso é novo. É evolução pura. No mental, pelo que vimos no terceiro set, ainda há muito a ser trabalhado. O Bellucci sempre foi um tenista de comportamento derrotista em quadra e foi outra vez. Larri, se você der um jeito nisso, aí sim, nós teremos O TENISTA.

Depois de Madri

Vem Roma. Com Nadal na segunda rodada. Bom, pelo menos ele defende os pontos do ano passado e entra tranquilo em Roland Garros, com bom ranking e com folga, caso não repita as oitavas do ano passado. Vale lembrar que, antes do Nadal, tem um qualifier na primeira rodada. O melhor da lista é o Kei Nishikori, mas quero que seja o Cuevas, para o Bellucci atropelar e baixar a bola do uruguaio, que está achando que já levou o confronto da Davis. Se Bellucci continuar bem até lá, o Brasil é grande favorito, como devemos ser. Como o Bellucci deve ser.

Depois da final, falo do Trio Fantástico e das meninas também.

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Homenagem para as anti-musas do tênis

Já se passaram sete dos catorze dias de Aberto da Austrália e podemos dizer que o torneio superou Wimbledon do ano passado em qualidade e emoção dos jogos, mas ainda está atrás do US Open. Assim como em Nova York tivemos o clássico Djokovic/Federer, Melbourne foi premiada com um dos jogos mais marcantes que já vi no feminino.

A vitória de Francesca Schiavone sobre Svetlana Kuznetsova no jogo mais longo da WTA em Grand Slams (4h44), com 16/14 no terceiro set, foi muito esclarecedora para mim, que venho tentando decifrar minha indisposição com tênis feminino. Eu imaginava que fosse uma espécie de “luto” pela aposentadoria da Elena Dementieva, mas percebi que é mais do que isso. Schiavone/Kuznetsova teve TUDO que eu gostaria numa partida de tênis entre duas mulheres.

Menos uniformes minimamente planejados e mais suor, menos descontrole mental e mais coragem, menos arroz-com-feijão e mais ousadia, menos duplas-faltas e mais aces, menos cara de choro e mais cara de superação. Schiavone sempre sacou depois, pressionada, e em nenhum momento perdeu a cabeça, mesmo nos match-points contra, além de ir para o winner sem pestanejar.

Por sua vez, Sveta não se abalou com as chances desperdiçadas e quebrou a italiana DUAS vezes quando ela sacou para o jogo. Uma imagem para mim foi marcante: em uma das viradas – acho que em 13/12 – as duas recebiam atendimento médico e Schiavone deu um grande sorriso para a fisioterapeuta e um tapinha no seu ombro. Tenho que confessar, a italiana é um monstro. Ela passa por tudo com muita garra, sem perder a noção de que, em alguns minutos, tudo aquilo seria motivo de risada.

Enquanto isso, na imponente quadra central, Maria Sharapova era eliminada com muita facilidade pela promissora Andrea Petkovic. Não tenho nada contra a “musa” e Ana Ivanovic, que também faz parte do clube ganhei-Slam-mas-me-perdi. Porém, eu sou muito mais as “anti-musas” Schiavone e Kuznetsova, que também têm seus Grand Slams no currículo e são mais jogadoras do que as duas beldades. Nem vou colocar Jankovic e Safina na comparação, porque é covardia. Wozniacki ainda é muito nova e está em ascensão, então vamos observá-la por enquanto. De qualquer forma…

Salve Schiavone! Salve Kuznetsova!

Agora, os rapazes…

Metade das oitavas de final já aconteceu também para os rapazes. Novak Djokovic jogou um tênis quase perfeito e tem tudo para vencer um Tomas Berdych mais confiante. (quem mandou eu apostar no Verdasco?). Já o Roger Federer deu um susto perdendo um set para o Tommy perdi-pro-Bellucci-semana-passada Robredo. A partida foi tensa e teve até o espanhol tentando acertar a cabeça do suíço. Ele que tome cuidado com outro que está jogando muito bem, seu brother de Olimpíada Stan Wawrinka. A vitória sobre Roddick nem foi aqueeeeela surpresa, né. Mas acho que o duelo suíço será muito interessante.

Analisando friamente, pelo que cada um apresentou, a final seria Murray x Djokovic. Mas, pensem, quantas vezes vimos essa final? Quase nunca. Porque um dos dois sempre amarela antes. Isso deve acontecer novamente em Melbourne.

Em sete dias, saberemos os campeões. Não vou falar quem eu acho que ganha, mas torço por Murray e Wozniacki.

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